[Discussão] O Guia do Mochileiro das Galáxias, por Douglas Adams - Semana 3 (caps. 13-23)

[u/JF_Rodrigues]

Fala galerinha, sigamos com nossa discussão. Perguntas sugeridas nos comentários como de costume, e espaço aberto para quaisquer outros comentários e indagações.

Mediação: u/DesperateBlue (créditos pelo resumo e perguntas postadas nos comentários)

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Resumo

Nos capítulos de 13 a 23 acompanhamos uma série de eventos que mesclam humor, absurdos científicos e descobertas improváveis (o que já podemos afirmar, acontece em todo o livro kkkk). Marvin, o robô deprimido, guia Arthur e Ford até a ponte de comando da nave Coração de Ouro, onde encontram Zaphod Beeblebrox, um alienígena excêntrico com duas cabeças, e Trillian, uma humana que, como Arthur, escapou da destruição da Terra. A nave, movida pelo revolucionário Gerador de Improbabilidade Infinita, leva o grupo ao mítico planeta Magrathea, conhecido por construir planetas sob medida em uma época de excessos econômicos da galáxia.

Ao chegarem, descobrem uma paisagem desolada e uma recepção hostil de sistemas de defesa antigos, incluindo mísseis nucleares, que são derrotados de forma absurda quando o gerador transforma-os em um vaso de petúnias e uma baleia. Explorando o planeta, Zaphod lidera o grupo até uma entrada subterrânea revelada pelo impacto da baleia. Lá, encontram vestígios de uma civilização adormecida, ao mesmo tempo que Zaphod revela fragmentos enigmáticos sobre seu próprio passado, como manipulações feitas em seu cérebro.

Enquanto isso, Arthur encontra Slartibartfast, um magratheano que explica que Magrathea entrou em hibernação devido a uma recessão galáctica, e que a Terra foi na verdade um projeto encomendado por ratos em um experimento científico. O tom do texto é permeado por humor absurdo, críticas sociais e reflexões existenciais, como a revelação de que os golfinhos, mais inteligentes que os humanos, deixaram o planeta antes de sua destruição com a mensagem: "Até mais, e obrigado pelos peixes".

[u/JF_Rodrigues]

Se você fosse confrontado com a ideia de que sua existência faz parte de um experimento ou plano maior, como isso mudaria sua perspectiva sobre o propósito da vida?

[u/mcliuso → u/JF_Rodrigues]

Meio matrix das ideia né... mas sem querer ser depressivo acho que não mudaria minha relação com as coisas não. Quebraria minha expectativa sobre um eventual significado sobre a vida, mas não seria como se nada tivesse valido a pena. Por enquanto, pelo menos, não tem como saber mesmo.

[u/JF_Rodrigues]

Como você enxerga a questão sobre como a humanidade percebe sua própria importância no universo, e como é possível aplicar essa visão à forma como lidamos com nossos desafios cotidianos?

[u/holmesbrazuca → u/JF_Rodrigues]

Para o astrônomo Carl Sagan a Terra não passa de um "pálido ponto azul" na escuridão cósmica. Pensando nisso, o que realmente somos perante o Universo? É uma presunção do homem pensar que ele é o único ser inteligente na vastidão desse Universo. Segundo Duncan Forgan, astrofísico, existem 361 civilizações inteligentes em nossa galáxia e 38 mil fora dela (nos exoplanetas). O grande paradoxo está entre as altas estimativas de probabilidades da existência de civilizações extraterrestres e a falta de evidências para o contato com tais civilizações. Diante disso, o homem continua sonhando e pensando que é um ser superior e, na sua arrogância, esquece de olhar com mais humildade perante o Universo. "Ao olhar para o Universo o homem é nada. Ao olhar para o Universo o homem é tudo"( Marcelo Gleiser, físico e astrônomo). Quanto ao enfrentamento dos "desafios cotidianos", somos muitas vezes narcisista ao extremo e acreditamos na nossa superioridade em relação às outras espécies e/ou homens.

[u/mcliuso → u/JF_Rodrigues]

Eu não acho que a humanidade se ache mais importante no universo. Inclusive, o problema é justamente esse. Na maioria das vezes as pessoas estão simplesmente cagando e andando pro que rola na maioria dos outros países, em outros estados, que dirá pra fora do planeta e tudo mais. Talvez se a gente nutrisse essa consciência e que estamos "sozinhos" e que somos nós por nós mesmo, não vai ter salvador externo pra intervir (como nunca teve) talvez, nós estivéssemos focando no que realmente importa enquanto raça humana. Mas, correndo o risco de parecer ingênuo, estamos muito focados nos nossos próprios interesses imediatos pra nos importar, o que é justo também - compreensível. Mas talvez exista maneira melhor de estabelecer uma relação com a sociedade e com o planeta. No fim, pode ser que a gente se enxergue acima de tudo no universo mesmo, justamente por ignorar sua vastidão e nos pôr no centro, como uma virada retrógrada ptolomaica, se é que me entendem...

[u/JF_Rodrigues]

Marvin, o robô maníaco-depressivo, é uma figura que traz humor e melancolia ao mesmo tempo. Como ele, com sua inteligência superior e visão pessimista da vida, pode refletir a condição humana, e por que acreditamos que suas observações, apesar de negativas, são tão cativantes?

[u/holmesbrazuca → u/JF_Rodrigues]

O que deixa o pobre Marvin frustrado e pessimista é que ele possui um cérebro do tamanho de um planeta e, ao mesmo tempo ter que realizar tarefas que não exigem nem 1% de seu Q.I; além disso ser 50 mil vezes mais inteligente do que qualquer ser humano. Frente ao absurdo da existência humana, como o próprio Marvin, nos sentimos "invisíveis" ou "subestimados" pelos outros. O seu pessimismo e tom amargo enfatiza e ironiza os nossos defeitos e/ou qualidades, bem como os dos outros.

[u/mcliuso → u/JF_Rodrigues]

A ironia está no fato dele ser um robô com emoções, sobretudo frustrações. Inclusive, é ainda mais curioso ser exatamente o Marvin a transmitir essas sensações se considerarmos que o termo robô tem origem numa palavra checa que significa servo. Então pode ser compreendido também, por que não, como um comentário crítico. E de fato, depois do Arthur, o Marvin provavelmente é o personagem com quem mais conseguimos simpatizar.

[u/JF_Rodrigues]

Qual o seu personagem favorito até o momento?

[u/holmesbrazuca → u/JF_Rodrigues]

O andróide Marvin..."Ah, vida! Pode-se odiá-la ou ignorá-la, mas é impossível gostar dela."

[u/JF_Rodrigues]

A teoria das esferográficas perdidas e o planeta habitado por seres esferografoides trazem uma reflexão absurda sobre o universo e as coisas que damos como importantes. O que esse trecho pode nos dizer sobre a natureza das nossas preocupações e do valor que atribuímos às coisas cotidianas?